Edson Pereira
Desde a minha infância quando assistia ao seriado do Chaves tinha um personagem denominado de Chapolin que sempre quando alguém estava em perigo gritava: “E AGORA, QUEM PODERÁ NOS DEFENDER?” De repente surgia aquela criatura com roupa vermelha e engraçada que tomava sobre si a responsabilidade de salvar as pessoas em perigo com a seguinte expressão: “EU, CHAPOLIN COLORADO”!
Esta mesma expressão me veio à mente diante das notícias no jornal televisivo, internet e todos os meios de comunicação ligada à mesma – Terrorismo, fanatismo religioso, corrupção, injustiças, crises em todas as esferas, política internacional e nacional em colapso (muitos vão dizer é o apocalipse, rss). E agora, quem poderá nos defender? Eita (sou nordestino, paraibano da gema) que a fila de heróis é grande! Por isso vou começar pela ordem espiritual que esta mais “ligada às coisas de Deus” e depois para esfera terrena. (lembrando que estas duas esferas é teologia platônica adotada pela maioria da cristandade).
Vou me deter às duas expressões religiosas da minha nação que estou relacionado que é a maioria e, portanto gozam de maior “credibilidade”. Em primeiro lugar temos o Catolicismo Romano. Seu maior representante está na pessoa do Papa Francisco, figura carismática e política de grandes gestos dignos de louvor. E neste sentido tiro o chapéu. Mas será que agora poderá nos defender? A resposta é não.
Primeiro porque o catolicismo tem grandes problemas internos, por mais que sejam os esforços teológicos, morais e políticos alcançados por Francisco, este não alcançará seus objetivos pelo menos a médio ou em longo prazo. Em segundo lugar, vejo o Catolicismo como uma grande expressão ou força política de grande influência, contudo lhe falta poder espiritual que possibilite mudanças holísticas e não só políticas e sociais. Falta-lhe humildade para desfazer-se de jugos sem sustentação (a exemplo do celibato obrigatório para os padres e outras questões teológicas que estão relacionadas com a Reforma Protestante que não vou mencionar por falta de espaço) teológica que são responsáveis de criar e manter uma moralidade ou dedicação como queiram chamar que muitas vezes macula e distorce a natureza humana e prejudica a vida de muitas pessoas direta ou indiretamente.
Vamos para a segunda! Aí o problema se agrava! Porque são tantos braços que emanam deste rio. Refiro-me aos herdeiros da Reforma Protestante (se é que são mesmo... pelo menos é o que dizem... mas deixa pra lá!). No Brasil queria dividi-los em quatro expressões: Protestantismo histórico ou de missão, Evangelicalismo, Pentecostalismo e Neopentecostalismo. E aqui minha fala vai se dirigir principalmente aos “líderes, pastores, teólogos e companhia LTDA”. Que pelos meios de comunicação trazem belas mensagens (me refiro a mensagens pregada pela minoria que pelo menos sabe o que é um sermão, rss...) que “tocam a existência de muita gente”. São arautos da “reta doutrina” (homenagem a Rubem Alves), “conhecedores de toda verdade, trazem Deus a terra, enriquecem e curam muita gente, moral ilibada” e tudo de bom que se possa imaginar... (lembrete! Não estou generalizando) Contudo, percebo que por mais que cresçam os números de membros (esse crescimento dizem eles que é ação de Deus, já alguns mais desconfiados (como eu) apontam esse crescimento como concorrência para obtenção de poder, disputa por território e mercado lucrativo) das várias denominações é perceptível à distância entre estes e a igreja Neotestamentária. E como! Primeiro no testemunho. Estes líderes pregam uma moral ilibada que é de provocar arrepios, contudo na prática não passa de hipocrisia mascarada de santidade. Vou dá apenas um exemplo que é de âmbito político-social. Qual a influência que estes líderes têm diante desta nação? Quem deles poderá nos defender? A mensagem deles é muito bonita, mas não tem efeito, falta-lhes autoridade, vida e não me venha com esta estória sem fundamento de que Deus que só quer a alma. Por isso, são vozes ineficazes. Dentro de um âmbito internacional é perceptível essa mesma doença no Protestantismo. Muitos fazem até denuncias contra o terrorismo e perseguições religiosas aos cristãos, mas não tem efeito. Os mais espirituais e apocalípticos vão dizer que tudo isso é sinal da volta de Cristo ou colocam a culpa no demônio. Mas se estes deixassem o orgulho e a hipocrisia de lado e percebesse que lhes faltam aquilo que Cristo e os primeiros cristãos tinham – autoridade, testemunho e amor - nosso mundo com certeza seria diferente. Por esta razão, eles não podem nos defender. O catolicismo ainda tem pelo menos influência político-social neste torrão de mundo (embora não sejam essas coisas todas, mas pelo menos fazem alguma coisa). E vocês arautos da verdade Protestante? Que nos representam o que tem a fazer e a dizer?
Vamos deixar este plano “espiritual” e vamos para o “terreno”. No terreno os heróis são muitos. Vou apresentar aqueles que considero mais influentes e importantes, que muitos acreditam piamente que eles podem nos defender. Será?
Vamos começar pelo Estado, política e governo. Que estão intrinsecamente relacionados. Meu Deus! E agora José? (Drummond) será que eles poderão nos defender? Não, sinceramente não. No Brasil (e outros países) estas três farinhas (Estado, política e governo) do mesmo saco estão no poço sem fundo, em um caos que aparenta não haver mais retorno – corrupção, lei a serviço dos corruptos e poderosos, injustiças, falta de saúde, falta de segurança, carga tributária elevada e etc. – Vou parar de citar porque a lista é grande! Os partidos políticos todos estão do lado daquilo que lhes importa – o poder - e não o povo, a democracia, a justiça, a igualdade, etc. O governo atual aproveitando-se da política do assistencialismo ou como disse Lula “o grande arauto e representante do povo brasileiro” que o povo não vota com a cabeça, mas com a barriga (a profecia se cumpriu) criou um circulo vicioso principalmente nas famílias de baixa renda e de dependência (pior que as drogas psicotrópicas) cuja evidência ou manifestação é visível no fanatismo político engendrados por políticos e companhia LTDA. Outros ainda acreditam em modelos rabugentos como comunismo ou de direita (direita e esquerda de que homi?).
Outros, porém vão colocar na Educação a esperança de que ela poderá nos defender. Será? Por ventura nossas escolas e Universidades (com exceção de algumas) educam de verdade? Acredito que não. Em primeiro lugar nossa educação é apenas repetição e não espaço de criação. Desde pequeno sem saber começamos a aprender o alfabeto do papagaio e posteriormente nas universidades à língua dos spermologos (aquele que repassa ideias como mercadorias de segunda mão, e tem muito jovem besta que se acha intelectual, quanta ingenuidade e ignorância!). Depois todo mundo sai feliz da vida porque se “formou”, tem um diploma e é alguém na vida (e antes era o que?).
Em segundo lugar essa nossa Educação não passa de uma comida podre e enlatada que nos foi imposta ou como diria Ivan Illich um currículo oculto. É nesse tipo de Educação que podemos esperar e assim ter um mundo ou sociedade melhor? Além disso, nossa Educação esta a serviço do Estado e do mercado capitalista que dita às normas e regras e o resultado é aquilo que Aldous Huxley descreveu em seu belo texto: Admirável Mundo Novo que de forma indescritível e vaticinante apresenta nosso mundo ou pessoas sendo controlados como robôs a serviço da ideologia dominante.
Ora quem esta lendo este texto deve estar pensando... Esse camarada tá frustrado da vida ou não crê em nada. Deve ser ateu! Vixe! Ia esquecendo, têm os humanistas, os ateus. Estes colocam esperança na razão humana, na ciência, no progresso cientifico. E não posso discordar de que a racionalidade e ciência são fundamentais e tem ajudado e muito a humanidade (discordo com estes ao colocarem em cheque a não evidência da existência de Deus, como se Deus fosse um objeto que a partir da ciência empírica pudesse ser investigado). Contudo, foram contaminados, se venderam, trocaram a busca pela verdade por dinheiro, tornaram-se escravos das grandes indústrias capitalistas. E hoje é usada como petição de autoridade com objetivos comerciais a fim de vender determinadas marcas de produtos. Por isso afirmo: não podem nos defender!
E agora, quem poderá nos defender? Sobrou algum herói? Você deve estar se perguntando??? Sim, A resposta está numa sociedade despida destas utopias políticas, estatais, religiosas, educacionais e qualquer outras que buscam domesticar e alienar as pessoas as estas ideologias que buscam suprimir o espírito livre e a criatividade do gênio e do homem superior (Nietzche) que não se prende a ídolos ocos cujo objetivo é ludibriar, massificar e criar um rebanho em série que pense a partir de suas verdades ideológicas. O que nós precisamos é de uma sociedade livre, forte, vigorosa, autônoma. Que a partir da reflexão critica e contextual busque superar seus limites e assim transcende-los. Só assim poderemos nos defender e engendrar uma sociedade forte e autônoma.
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