Em seu livro um “Um
rosto para Deus?” Maria Clara Bingemer afirma:
Assim como abundam os estudos sobre as
conseqüências da privação do cuidado materno, não é dito o bastante sobre os
efeitos devastadores da falta da figura paterna, que faz tanta ou mais vítimas
que a primeira. Algumas enfermidades atuais, como anorexia, bulimia,
dependência tóxica, que estão liquidando as últimas gerações de filhos, podem
ser vinculadas diretamente – segundo os últimos estudos da psicologia – ao
vazio da figura paterna; (...) estar privado do pai equivale a estar privado da
espinha dorsal .
O
propósito deste texto é elaborar a figura de um pai exemplar. Um pai capaz de
dar aos seus filhos/as cuidados necessários para o desenvolvimento moral,
social e espiritual. Na busca de um paradigma. Buscamos no Deus da Bíblia
traços importantes sobre a figura paterna. Depois de apresentarmos estes traços
aplicaremos os mesmos a nossa realidade.
Traços
paternos de Deus
Amor –
na Bíblia este substantivo expressa a essência do caráter de Deus (1Jo
4.16), “... é aquela parte da sua natureza que O move a doar-se a se mesmo, em
termos de afeição, e a manifestar Seu interesse em atitudes de cuidado e
auto-sacrifício pelo objeto do Seu amor”.
Cuidado – Deus nas Escrituras se manifesta como pai
atencioso com os seus filhos. Ele valoriza a vida do ser humano em sua
completude. Satisfaz todas as necessidades físicas, morais, espirituais (Mt
6.25-34).
Proteção
– encontramos
na Bíblia metáforas que revelam Deus como protetor dos seus Filhos. Dentre elas
citaremos o salmo 91.4 que diz “De suas asas ele faz para ti um abrigo, e debaixo
da sua plumagem te refugias”. O poeta neste salmo compara Deus a um pássaro que
oferece amparo, conforto, e assistência para os seus filhos em todos os
momentos.
Perdão
– “...
é dado por Deus a alguém que é totalmente indigno de recebê-lo. Este perdão não
é parcial ou condicional; pelo contrário, ele é completo e imparcial,
restaurando novamente o ser humano com Deus”.
Companheirismo
– significa
que Deus como pai esta com os seus filhos em todos os momentos. Não os abandona
e nem se esquece (Is 49.15) dos seus, pelo contrário, Deus promete
acompanhá-los e conduzi-los até o fim (Sl 23.4,6; 48.15).
Intimidade
– reflete
a amizade profunda do Divino com o ser humano ao ponto de Deus partilhar os
seus segredos com o homem (Gn. 18.17; Tg 2.23).
Disciplina
– No
Grego do Novo Testamento esta palavra disciplina significa paideia. Strong define como: “todo o treino e educação infantil que
diz respeito ao cultivo de mente e moralidade (...) instrução que aponta para o
crescimento em virtude” O
escritor aos Hebreus no capítulo 12. 5-11 ensina que Deus como pai disciplina
ou corrige os seus filhos. Sua disciplina visa à educação, moralidade e
justiça.
Aplicação
Segundo
a Bíblia os seres humanos foram feitos “imagem e semelhança” de Deus. Isto
significa que nós humanos e de forma especial nós pais, temos traços ou
qualidades em nossa natureza que caracterizam “imagem e semelhança de Deus”.
Por exemplo, amor, bondade, espiritualidade, etc... Com isso acreditamos na
possibilidade de usarmos estes traços acima citados e aplicá-los em nossas vidas.
Em
primeiro lugar como pais, somos a encarnação do amor de Deus. Os nossos/as
filhos/as precisam deste amor encarnado que se manifesta por meio da fala,
gesto e ação. Segundo, eles/elas precisam de cuidados especiais, por isto se
faz necessário não só cuidar da alimentação e vestuário é preciso gastar um
pouco do nosso tempo com os nossos/as filhos/as, dando-lhes carinho, afeto,
atenção. Quanto tempo, temos dedicado ao nosso oficio de pais?
No
terceiro lugar vem à proteção, precisamos ser “asas” de refugio, abrigo e
amparo em todos os tempos e momentos. Que estes/estas encontre em nosso abraço,
alento e segurança física, mental e espiritual. Em quarto lugar, assim como
Deus manifesta perdão devemos fazer o mesmo com eles/elas. Quinto lugar somos
companheiros ou estrangeiros para os nossos/as filhos/filhas? Participamos de
suas atividades? Estamos presente no dia a dia deles/delas?
Sexto,
nossa intimidade deve refletir profunda amizade, lealdade e respeito. Por fim
disciplinar não é agredir ou espancar física ou emocionalmente, mas é uma
oportunidade de ajudá-los/as a crescerem e desenvolverem características
morais, sociais e espirituais.