Edson Pereira
A
vida não um retrato – estático, fixo, imóvel – é movimento, fluxo, devir, caminho...
E caminho é uma das melhores definições para a vida. Pois indica percurso,
movimento, direção, etc. Isto não significa necessariamente que conhecemos este
percurso ou direção, contudo, estamos sempre em movimento.
É
no caminho, neste percurso ou direção que chamamos de vida que somos surpreendidos
com alegrias, belezas, encantos, paixões, afetos, novos horizontes, perfumes,
gostos e contraditoriamente, neste mesmo caminho, somos surpreendidos pela
tristeza, feiura, desencantos, decepções, desafetos, horizontes passados e carregados
de desilusões, perfumes que exalam cheiros desagradáveis e gostos indesejáveis.
E o que mais nos chama atenção neste caminho
chamado vida é que estas experiências muitas vezes não são frutos de nossas
escolhas, elas simplesmente acontecem, surgem em nosso caminho, não pedem
licença ou perguntam se é do nosso agrado. E muitas vezes o caminho chamado vida
nos provoca medo, ansiedade, etc.
E
a razão é que não sabemos o que virá pela frente. Deve ser por isso que o ser humano
em razão do medo pelo que pode vir pelo seu caminho criou os oráculos, que
podem com a ajuda dos deuses darem direção e até mesmo sentido ao caminho
chamado vida. Contudo, mesmo com a ajuda dos oráculos e dos deuses o caminho
ainda é obscuro, incerto e cheio de bifurcações.
Nada
é certo, seguro, estável. Existem apenas possibilidades e não garantias. Por
que o caminho é enigmático, desconhecido e traiçoeiro. Não respeita códigos
pré-estabelecidos, normas, regras ou sugestões. O caminho chamado vida apenas
acontece, não de forma programada, mas de forma dinâmica e vívida.
O
que nos resta é apenas viver a vida como ela é ou nos apresenta, a cada passo
que damos pelo desconhecido e enigmático caminho que é própria vida, e mesmo
diante do caos, das contrariedades, pedras, espinhos, bifurcações que muitas
vezes causam tristeza, solidão, depressão, perdas, sofrimento, dor e até mesmo
morte. É a mesma vida que nos brinda todos os dias com uma nova jornada e novas
possibilidades e parafraseando o poeta à vida continua e se entregar aos flagelos
que nos assaltam pelo caminho é uma grande bobagem.