sábado, 17 de outubro de 2015

Viva o hoje!




Edson Pereira


Existem duas coisas que impedem uma vida com significado (prefiro este termo que a ideia de uma vida feliz que na verdade não existe). A primeira é o passado. Este na verdade é apenas um fragmento, um resquício, uma fumaça, algo que esta na memória e que, portanto já passou e por isso não é mais, porque não existe.
No passado estão todas as experiências em seus diversos aspectos sejam positivos ou negativos. Relembrá-los é como ir a uma sepultura desenterrar um morto. Não há vida, movimento, devir. É pó estelar, memória.
Por isso, muitas pessoas não evoluem, definham, se chafurdam assim como um tatu na terra do seu passado em busca de trazer a vida seu cotidiano as coisas que já foram engolidas e estão submersas. Elas estão acorrentadas, engessadas.
Deve ser por isso que não encontram razão para viver, mas vivem do saudosismo extremado que abrem feridas que se tornam visível na depressão. Isso pode estar relacionado a decepções, abusos, separações, perdas, alegrias, etc. Vivem como Íxion puxando uma roda initerruptamente no hades de suas vidas...
A outra coisa é o futuro. Outro mal. Embora devamos nos projetar, sonhar, criar expectativas. Contudo, o futuro quando ligado à esperança gera incerteza, insegurança. Nada é concreto é apenas um horizonte que projetamos ou criamos. Mas não há nenhuma garantia de que será daquela forma, porque não existe, é só projeção. Por isso, somos uma geração estressada, apressada, ansiosa e angustiada.
Criamos e projetamos o que é bom, contudo quando nos esquecemos da vida, do presente, do hoje e colocamos passado-presente como referenciais perdemos o melhor que temos da vida que é o hoje. Acredito que além das razões que expus acima, existe outra que tem grande peso, que é a fuga da realidade da vida. Criamos deuses, gurus e seres que sejam e atendam as nossas necessidades e os mais diversos desejos.
Entendo que passado-presente é parte constituinte da vida humana. A primeira é histórica, vivencial, a segunda é criação, projeção. Porém ambas são nocivas, destruidoras e frustrantes quando alienam o hoje em detrimento da memória e da projeção. Viver o hoje é viver a vida como ela é, como se apresenta. Sem maquiagem ou qualquer acessório. Viver o hoje é “ter uma razão pra viver” e por isso podemos “suportar qualquer coisa” dizia o velho Nietzsche.
Gosto de Horácio quando dizia que devemos aproveitar ou colher o máximo o dia de hoje. Ele é único. Por isso, em vez de viver do passado ou se alimentar do futuro devemos viver o hoje por que só ele nos resta e existe. Por isso, aproveitemos o máximo desse dia como se fosse o último de nossa vida.
Acredito que se vivermos hoje como o último dia de nossa existência a vida terá mais sabor e significado. Não haverá necessidade de enterrar a cabeça no passado ou colocar a cabeça nas nuvens incertas do futuro e esperança. Até por que só temos hoje. Portanto, vivamos o máximo este dia como uma dádiva dos deuses a nós mortais.
Carpe Diem
                                                                
    
   


terça-feira, 6 de outubro de 2015

Educação, caminhos e desafios

Edson Pereira






 
Introdução



Neste texto queremos fazer algumas comparações dos caminhos e desafios pelos professores do ensino tradicional com os professores que utilizam o ensino histórico – critico. A partir de três elementos: Primeiro, sobre a função da escola e do professor. Em segundo, apresentar as diferenças destes dois métodos na sua forma didática, por último destacar os desafios da educação decorrente das mudanças ocorridas nos últimos anos.

A função da escola e o papel do professor na visão tradicional
           
            A função da escola dentro de uma visão tradicional tem alguns objetivos: preparar intelectualmente e moralmente os discentes para que possam atuar na sociedade de acordo com os pressupostos estabelecidos pela mesma. A escola não se compromete e também não se envolve com os problemas sociais sua responsabilidade limita-se a cultura, logo conhecimento e experiência estão desassociados da vida dos alunos. A elaboração de conteúdos didáticos é destinada a todos os alunos. A evolução ou sucesso da aprendizagem é condicionado ao esforço do aluno (LIBÂNIO, 1992, p. 8-9).
            O papel do professor é transmitir os conhecimentos seguindo um único método, sem levar em consideração idade, individualidade e o ambiente social que seus alunos estão envolvidos. Não há interação professor-aluno, não há espaço para critica e reflexão, pois os assuntos abordados são impostos como os únicos e verdadeiros (LIBÂNIO, op. cit. p.10). Falta-lhes criatividade na elaboração das aulas e envolvimento na vida dos alunos.

A função da escola e o papel do professor na visão histórico critico
            A escola é vista como um agente de transformação e democratização. Ela interage com a sociedade, é contextualizada e mediadora – aluno e sociedade estão intrinsecamente relacionados. É instrumento na divulgação do conhecimento e socialização. (LIBÂNIO, op. cit. p. 29-30). Sua didática propicia aos alunos autonomia de pensamento, desenvolvimento da argumentação e criatividade.
            Nesta visão o professor é intermediário na construção do conhecimento do aluno. Sua didática é planejada, criativa, seus conteúdos são elos que propiciam aos alunos uma aprendizagem integral. Em suas aulas os alunos encontram espaço para interação, reflexão, argumentação e senso crítico.  Neste sentido os alunos são agentes autônomos e ativos no processo de aprendizagem.

 Método tradicional e histórico critico – suas principais diferenças didáticas
            Com base nas funções de ensino destes dois métodos acima apresentados podemos perceber algumas diferenças:
            Em primeiro, na construção do conhecimento. O método tradicional transmite um conhecimento engessado, preso a uma ideologia, o conhecimento adquirido é condicionado a normas e valores pré-estabelecidos. Neste sentido os alunos são programados a adquirir um tipo de conhecimento alienante e passivo que em nada condizem com sua realidade. O método histórico critico é dialético, propicia alteridade do aluno - professor - teoria – prática. O conhecimento é transmitido a partir de didáticas que condicionam a construção interativa, criativa, ativa e reflexiva dos alunos tanto numa construção teórica de conhecimento como também da prática vivencial.
            Segundo, na contextualidade. No método tradicional a preocupação é apenas repassar conteúdos e “valores sociais acumulados pelas gerações adultas e repassados ao aluno como verdades” (LIBÂNIO, op. cit. p.9) e isso sem levar em conta a idade, o individuo e sua realidade social. Logo podemos afirmar que este método é indiferente a realidade social do aluno. O histórico critico, permite aos alunos com base nos conteúdos elaborados uma aprendizagem contextualizada, o conteúdo é elaborado visando a aplicabilidade no cotidiano do aluno. Isso traz uma visão holística do ensino. O ensino ou aprendizagem não se torna algo restrito aos muros da escola, mas algo que este presente na vida do aluno em todos os momentos.
            Em último lugar, na mediação. O método tradicional é exclusivista e verticalizado. O ensino não é uma construção interativa professor-aluno, mas uma imposição. O professor é o emissor do conhecimento e o aluno mero receptor. Este processo inibe a interação e participação do aluno na aprendizagem. Não leva em consideração a capacidade reflexiva e intelectual do aluno. No método histórico critico temos o estabelecimento de uma relação professor-aluno. Ambos interagem, e o professor torna-se um agente mediador na construção da vida intelectual do aluno. Instigando o aluno desenvolver uma mente criativa, dialética, reflexiva e critica.

   Desafios da educação
           
            Para responder aos desafios provocados pelas mudanças tanto sociais, políticas, econômicas e culturais que estão relacionados aos planos: ético-político, teórico e epistemológico e da ação prática do professor. Faz-se necessário o professor realizar uma nova “leitura de mundo e da condição humana” (JESUS, 2009, p. 110-13). Essa nova leitura deve ser capaz de atender e responder as demandas oriundas destes três planos - ético-político, teórico e epistemológico e da ação prática do professor.
            No plano ético-político o ser humano precisa ter relevância. Por isso se faz necessário estabelecer valores baseados na igualdade, qualidade de vida, solidariedade e democracia.
            Com relação ao plano teórico e epistemológico o professor deve ter uma boa formação técnica e cientifica, mas também transcendê-la.
            No plano da ação prática do professor se faz necessário saber como reforçar essa prática sem reduzi-la: a repetição mecânica, ao ativismo pedagógico e ao voluntarismo político (JESUS, op. cit., p.114).
           
Considerações finais 
            No mundo marcado por tantas mudanças sociais, econômicas, históricas e culturais. A educação precisa rever seus conceitos e procurar contextualizar-se. Uma educação presa a uma ideologia, a paradigmas pré-estabelecidos, a apatia social que não interage com os alunos torna-se responsável de gerar estudantes alienados e passivos na construção intelectual e prática. A educação deve ser agente na construção do conhecimento reflexivo, critico e criativo do aluno. Deve ser contextual e mediadora.
            Por isso em decorrência dos vários desafios a educação precisa dentro de planos: ético-político, teórico e epistemológico e da ação prática do professor reformular e fazer novas leituras do mundo e da condição humana para o estabelecimento de uma educação integral.
             
Referencias bibliográficas
JESUS, Adriana Regina de. Processo educativo no contexto histórico. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
LIBÂNEO, J. C. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-social dos conteúdos.
São Paulo: Loyola, 1992.
 LIBÂNEO, J. C. O essencial da didática e o trabalho de professores – em busca de novos caminhos. Disponível em < http://www.ucg.br/site_docente/edu/libaneo/pdf/didaticadoprof.pdf > acesso em 09/05/2012.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A violência e a criminalidade de quem é a culpa?

Edson Pereira


A violência e a criminalidade nestes últimos anos tem sido tema para vários debates e questionamentos. Além disso, muitos programas radiofônicos e televisivos surgem especificamente para “tratar” ou falar da violência o que tem sido muito importante para estes com relação ao grande índice de audiência.

Mas a pergunta que não quer calar é esta: como acabar com a violência e a criminalidade ou em que reside sua gênese? Daí ao longo do tempo surgiu várias respostas. Vejamos:

Na ciência existiu a partir da obra de Cesare Lombroso: O delinquente, de 1876 em que no seu texto  procurava apontar as causas da criminalidade. E a conclusão foi esta: a criminalidade é de origem biológica, ou seja, alguns indivíduos já nascem pré-dispostos para a prática do crime. Para Lombroso a única forma de combater o crime era produzir uma seleção nas coletividades humanas, fundamentadas em leis genéticas. Neste sentido a eugenia busca o aperfeiçoamento humano a partir de uma seleção genética e consequentemente controlar a reprodução. Que em outras palavras isto significa que estes indivíduos que nascem com esta “inclinação” devem ser eliminados ou substituídos.

O sociólogo Émile Durkheim em sua obra: As regras do método sociológico, para ele o crime é um fato social, isto significa que a violência e a criminalidade estão presentes em todas as sociedades e que surge a partir das condições de vida desta coletividade. Logo o crime não é de origem biológica mais social, é fruto do meio em que os indivíduos estão inseridos.

Atualmente, segundo os formadores de opinião (a mídia) o crime é originado por falta de leis mais rígidas e repressoras e pela falta de policiamento nas ruas. Consequentemente esse pensamento tem sido fator fundamental para formar essa cosmovisão na população de um modo em geral.

Por fim, a maioria dos cientistas sociais acredita que o crime e a violência em resumo seria a má redistribuição de renda por parte do estado.

Em nossa opinião a violência e o crime é um fato social e não biológico, também não são a leis e também não é a falta de policiamento. Mas o governo que faz mau uso do dinheiro público. Em uma análise comparada os países em que há uma boa redistribuição de renda onde os direitos básicos dos seres humanos são atendidos: como casa própria, boa saúde, salários justos e acima de tudo uma boa educação, os índices de violência são baixíssimos. No Brasil acontece o contrário, temos uma população que mora de aluguel e outros em favelas, a saúde é péssima (a boa só atende a elite capitalista) o salário é mínimo (enquanto o salário dos políticos é altíssimo) e a educação é uma vergonha.

Estas pessoas que são taxadas de criminosas por roubarem e matarem são apenas fruto de um estado corrupto e alienador. Que para esconder suas intenções demônicas e em parceria com as mídias fabricam uma cortina de fumaça em que os verdadeiros criminosos são ocultos (estado, capitalismo, e as mídias que estão a seu serviço) em quanto aqueles (as) que deveriam ter seus direitos atendidos são um tipo de bode expiatório para consolar uma população alienada e sem senso crítico. Vive valeque.