Edson Pereira
Existem duas coisas que impedem uma vida com
significado (prefiro este termo que a ideia de uma vida feliz que na verdade
não existe). A primeira é o passado. Este na verdade é apenas um fragmento, um
resquício, uma fumaça, algo que esta na memória e que, portanto já passou e por
isso não é mais, porque não existe.
No passado estão todas as experiências em seus
diversos aspectos sejam positivos ou negativos. Relembrá-los é como ir a uma
sepultura desenterrar um morto. Não há vida, movimento, devir. É pó estelar,
memória.
Por isso, muitas pessoas não evoluem, definham, se
chafurdam assim como um tatu na terra do seu passado em busca de trazer a vida
seu cotidiano as coisas que já foram engolidas e estão submersas. Elas estão
acorrentadas, engessadas.
Deve ser por isso que não encontram razão para viver,
mas vivem do saudosismo extremado que abrem feridas que se tornam visível na
depressão. Isso pode estar relacionado a decepções, abusos, separações, perdas,
alegrias, etc. Vivem como Íxion puxando uma roda initerruptamente no hades de
suas vidas...
A outra coisa é o futuro. Outro mal. Embora devamos
nos projetar, sonhar, criar expectativas. Contudo, o futuro quando ligado à
esperança gera incerteza, insegurança. Nada é concreto é apenas um horizonte
que projetamos ou criamos. Mas não há nenhuma garantia de que será daquela
forma, porque não existe, é só projeção. Por isso, somos uma geração
estressada, apressada, ansiosa e angustiada.
Criamos e projetamos o que é bom, contudo quando nos
esquecemos da vida, do presente, do hoje e colocamos passado-presente como
referenciais perdemos o melhor que temos da vida que é o hoje. Acredito que
além das razões que expus acima, existe outra que tem grande peso, que é a fuga
da realidade da vida. Criamos deuses, gurus e seres que sejam e atendam as
nossas necessidades e os mais diversos desejos.
Entendo que passado-presente é parte constituinte da
vida humana. A primeira é histórica, vivencial, a segunda é criação, projeção.
Porém ambas são nocivas, destruidoras e frustrantes quando alienam o hoje em
detrimento da memória e da projeção. Viver o hoje é viver a vida como ela é,
como se apresenta. Sem maquiagem ou qualquer acessório. Viver o hoje é “ter uma
razão pra viver” e por isso podemos “suportar qualquer coisa” dizia o velho
Nietzsche.
Gosto de Horácio quando dizia que devemos aproveitar
ou colher o máximo o dia de hoje. Ele é único. Por isso, em vez de viver do
passado ou se alimentar do futuro devemos viver o hoje por que só ele nos resta
e existe. Por isso, aproveitemos o máximo desse dia como se fosse o último de
nossa vida.
Acredito que se vivermos hoje como o último dia de
nossa existência a vida terá mais sabor e significado. Não haverá necessidade
de enterrar a cabeça no passado ou colocar a cabeça nas nuvens incertas do
futuro e esperança. Até por que só temos hoje. Portanto, vivamos o máximo este
dia como uma dádiva dos deuses a nós mortais.
Carpe
Diem
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