sábado, 10 de fevereiro de 2018

Diário de um dissidente

Diálogo intercultural

Quando nossa doutrina é considerada como a única e verdadeira, em detrimento das outras, abrimos rachaduras e abismos, que dada a dimensão da intolerância como consequência, a relação com as outras, torna a linguagem, como dimensão do diálogo difícil. Só aceitação do outro vai implicar na minha. E viver na fronteira é o melhor caminho do diálogo e da troca de experiência e conhecimento, sem contudo, abrir mão de nossas crenças, experiências e anseios, e para tanto devemos enriquece-la e aprofundar nosso conhecimento com relação a si mesmos. Para vivermos bem nesta oikos ( casa da humanidade), devemos aprender a viver na fronteira, respeitando todas interculturalidades, assim como queremos em relação a nossa. Os conflitos não deixarão de existir ( somos finitos no que se refere ao todo e egoístas no que se refere a nós), contudo, nossa vida individual, social e com o divino, para aqueles que acreditam, será bem melhor, e assim como a natureza se apresenta multiforme e diversa, mais que segue o curso do cosmo que a gerou, assim também o seremos : a nossa vida terá mais beleza, profundidade, e assim como é o Universo em sua plenitude, assim aquilo que tanto desejamos desde o principio de nossa gênese, seremos - uma eterna expansão, sob o pêndulo de nossa existência.

Diário de um dissidente


A alienação humana no sistema capitalista

Um dos grandes pecados do capitalismo econômico: é tornar esse sistema como condição natural para a existência humana em seu sentido último. Vem-me na mente aquela pergunta: o que veio primeiro, o ovo ou galinha?  Neste caso eu não tenho a reposta. Mas sobre o sistema capitalista e o ser humano, tenho a resposta. Este último veio primeiro, e é ele o criador do segundo, não como natureza, essência – mas como condição existencial. Neste sentido o dinheiro, a troca, o comércio surgiu em função do homem como um meio de subsistência, de aquisição, e não como um fim mesmo. Quando o sistema capitalista com sua falácia: de progresso, de riqueza, de liberdade, de segurança, de igualdade, de realização, e meio de satisfação plena da existência humana, que podemos traduzir como a realização suprema – a felicidade. Isto não passa de uma mentira descarada e hipócrita (assim como o sistema socialista de sociedade). Contudo, a sedução de riqueza (não que a riqueza seja um mal em si) é uma isca que todo ser humano em nossa sociedade é tentado, porém, por trás desse pensamento, tem uma lógica, implica na criação de uma necessidade constante de produção, de lucro, de acumulo de capital – o dinheiro.
O dinheiro, hoje se constitui, segundo a lógica econômica do capitalismo, o meio, a forma de você alcançar uma vida plena. Isso se explica, porque quanto mais dinheiro você acumular, mais poder e controle você terá, culminando naquilo que poderíamos chamar da lâmpada mágica existencial, que basta desejar o quer e esfregar a lâmpada, e o gênio da lâmpada (o dinheiro) sairá e realizará todos os seus sonhos e ideais. Essa lógica é o que domina atualmente a política, o Estado, a guerra, a economia, a ciência, a educação e algumas religiões. Quem mais dinheiro possui: mais poder, controle e domínio terá de todas as esferas relacionadas à vida humana.
        No capitalismo, o ganho, o lucro e o acumulo de dinheiro é chave para tudo. Se for feio, o dinheiro, o torna bonito: as mulheres mais bonitas estão em suas mãos; se é corrupto, o dinheiro, o torna incorruptível; se é burro, o dinheiro, torna-o inteligente; se é sem caráter e moral, o dinheiro, o beatifica; se é injusto, o dinheiro, o torna justo, etc. Atualmente a sociedade vive em função do dinheiro, pois a crença, ou discurso dominante é que: só o dinheiro como um fim, pode dar ao ser humano uma vida plena. Essa crença, por mais maquiada que seja, pelos meios de comunicação, pela política e economia vigente, como a única forma de salvar a humanidade de todos os seus problemas, não passa de uma ilusão, de um discurso, cujo objetivo é controlar e dominar a vida humana em todos os seus aspectos, de tal forma que este modelo, se torne uma coisa natural, inerente, como condição única e plena para existência humana.
Ora, como pode o criador ser dominado pela sua criação? Numa linguagem teológica, como Deus pode torna-se criatura e criatura torna-se Deus? Logo, como o dinheiro, que é apenas um meio criado pelo ser humano para atender suas necessidades, pode ocupar o lugar do ser humano e fazer do ser humano um meio, um objeto, uma coisa, que agora pode ser adquirida, isto é, comprada. Por isso, neste sistema vinga essa máxima: todo homem tem seu preço. Logo neste sentido, o ser humano que não tem preço, que não pode ser comprado, calculado, medido e mediado é agora: uma moeda, uma mercadoria, um objeto que tem um preço, um valor estabelecido. Deixa de ser sujeito e passa a ser objeto, e o dinheiro que é objeto, passa a ser sujeito.
O ser humano pleno, livre, feliz é aquele que cria objetos, coisas que em sua função, visa ajudar o ser humano, assim como uma caixa de ferramentas, em que cada ferramenta é utilizada para um fim específico. No sistema capitalista, o objetivo é criar mais e mais necessidades nos seres humanos de todas as formas, e o dinheiro, é esse Aladim, onde o ser humano encontra todas as suas realizações, isto é, vida plena.