A
alienação humana no sistema capitalista
Um
dos grandes pecados do capitalismo econômico: é tornar esse sistema como
condição natural para a existência humana em seu sentido último. Vem-me na
mente aquela pergunta: o que veio primeiro, o ovo ou galinha? Neste caso eu não tenho a reposta. Mas sobre o
sistema capitalista e o ser humano, tenho a resposta. Este último veio primeiro,
e é ele o criador do segundo, não como natureza, essência – mas como condição
existencial. Neste sentido o dinheiro, a troca, o comércio surgiu em função do
homem como um meio de subsistência, de aquisição, e não como um fim mesmo.
Quando o sistema capitalista com sua falácia: de progresso, de riqueza, de
liberdade, de segurança, de igualdade, de realização, e meio de satisfação
plena da existência humana, que podemos traduzir como a realização suprema – a
felicidade. Isto não passa de uma mentira descarada e hipócrita (assim como o
sistema socialista de sociedade). Contudo, a sedução de riqueza (não que a
riqueza seja um mal em si) é uma isca que todo ser humano em nossa sociedade é
tentado, porém, por trás desse pensamento, tem uma lógica, implica na criação
de uma necessidade constante de produção, de lucro, de acumulo de capital – o
dinheiro.
O
dinheiro, hoje se constitui, segundo a lógica econômica do capitalismo, o meio,
a forma de você alcançar uma vida plena. Isso se explica, porque quanto mais
dinheiro você acumular, mais poder e controle você terá, culminando naquilo que
poderíamos chamar da lâmpada mágica existencial, que basta desejar o quer e
esfregar a lâmpada, e o gênio da lâmpada (o dinheiro) sairá e realizará todos
os seus sonhos e ideais. Essa lógica é o que domina atualmente a política, o
Estado, a guerra, a economia, a ciência, a educação e algumas religiões. Quem
mais dinheiro possui: mais poder, controle e domínio terá de todas as esferas
relacionadas à vida humana.
No
capitalismo, o ganho, o lucro e o acumulo de dinheiro é chave para tudo. Se for
feio, o dinheiro, o torna bonito: as mulheres mais bonitas estão em suas mãos;
se é corrupto, o dinheiro, o torna incorruptível; se é burro, o dinheiro,
torna-o inteligente; se é sem caráter e moral, o dinheiro, o beatifica; se é
injusto, o dinheiro, o torna justo, etc. Atualmente a sociedade vive em função
do dinheiro, pois a crença, ou discurso dominante é que: só o dinheiro como um
fim, pode dar ao ser humano uma vida plena. Essa crença, por mais maquiada que
seja, pelos meios de comunicação, pela política e economia vigente, como a
única forma de salvar a humanidade de todos os seus problemas, não passa de uma
ilusão, de um discurso, cujo objetivo é controlar e dominar a vida humana em
todos os seus aspectos, de tal forma que este modelo, se torne uma coisa natural,
inerente, como condição única e plena para existência humana.
Ora,
como pode o criador ser dominado pela sua criação? Numa linguagem teológica,
como Deus pode torna-se criatura e criatura torna-se Deus? Logo, como o
dinheiro, que é apenas um meio criado pelo ser humano para atender suas
necessidades, pode ocupar o lugar do ser humano e fazer do ser humano um meio,
um objeto, uma coisa, que agora pode ser adquirida, isto é, comprada. Por isso, neste sistema vinga
essa máxima: todo homem tem seu preço. Logo neste sentido, o ser humano que não
tem preço, que não pode ser comprado, calculado, medido e mediado é agora: uma
moeda, uma mercadoria, um objeto que tem um preço, um valor estabelecido. Deixa
de ser sujeito e passa a ser objeto, e o dinheiro que é objeto, passa
a ser sujeito.
O
ser humano pleno, livre, feliz é aquele que cria objetos, coisas que em sua
função, visa ajudar o ser humano, assim como uma caixa de ferramentas, em que
cada ferramenta é utilizada para um fim específico. No sistema capitalista, o
objetivo é criar mais e mais necessidades nos seres humanos de todas as formas,
e o dinheiro, é esse Aladim, onde o ser humano encontra todas as suas realizações,
isto é, vida plena.