Engendrado para a vida,
De uma relação desconhecida,
Sob cuidados de estranhos,
Sob cuidados de estranhos,
Que me deram acolhida.
Desde cedo aprendi,
Sob a tutela da família, religião e Estado,
Que a consciência é o resultado:
De uma moral criada e estabelecida.
Minha razão foi construída e domesticada,
Por essa consciência moral,
Que a meu instinto desprezava,
E por isso, o dogmatizaram como imoral.
Com essa consciência criada,
Pela razão educada,
Do instinto me esquivei,
E dá moral vigente criada toda minha vida pautei.
Na religião busquei um contato imediato,
Com o divino representado na linguagem religiosa,
A teologia, meu referencial, logo ensinaria:
Que o instinto é um mal e pecado seu nome seria.
Cansado e abatido, a religião deixei,
Suas promessas se tornaram obsoletas,
Céu e inferno ser tornariam devaneios,
E logo não fariam mais sentido;
Meu passado e meu futuro,
De suas rédeas não seria contido,
Apenas o presente vivido poderia me ater,
E para isso busquei outro instrumento: a moral
Fruto de uma razão que se diz laica,
Na política do estado busquei meu instinto domesticar –
Educação, ideologias, políticas...
Prometeram meu instinto controlar.
Seus métodos racionalizados de verdade,
São criteriosamente oficializados,
Crer nesse dogma é visto com louvor,
E sinônimo de civilidade.
Com utopias castradoras,
Controlam e massificam indivíduos,
Tornando-os subservientes,
Com a alcunha da igualdade.
E em nome de ideologias criadas,
Formam hermenêuticas “científicas’’,
Para atestar e confirmar:
Suas crenças envaidecidas.
Desde então, fiquei inquieto...
E depois fui desperto,
Para entender os segredos do instinto,
Que toda moral condena,despreza e a lança no limbo.
Na filosofia antiga encontrei a beleza do instinto,
Algo profundo, majestoso, inescrutável...
Mundo amplo, poderoso que pela razão não pode ser controlado,
É fonte de vida, rio com indecifráveis correntezas...
É fonte de vida, rio com indecifráveis correntezas...
Dele flui desejos, pulsões e energias...
Sua força é sem limites, e não pode ser controlado,
Quando aceito e por ele dirigido um mundo novo se abre:
É por isso que na arte, poesia e filosofia,
Que dos primeiros gregos exala,
Beleza e tragédia vivem harmonia,
Como reflexo de uma vida vivida,
Nos acordes da natureza ela é expressada,
Morte,vida, caos e criação são:
a mais bela definição da vida como obra de arte.