Noite escura de inverno
Edson Pereira
Mesmo
na noite escura deste inverno,
Vou lutar até o fim:
Até a última gota de sangue que percorre em
mim,
Até o último hálito de vida,
Vou lutar até o fim:
Mesmo na noite escura deste inverno;
Ainda
que na noite escura deste inverno,
Minhas
forças vitais desfaleçam,
E
minhas pulsões desapareçam,
Mesmo
assim vou lutar:
Ainda
que seja na noite escura deste inverno;
Acrisolado,
na noite escura deste inverno,
Sem
chão, sem teto e telhado,
Sem
cama e um lençol para agasalhar,
Mesmo
assim vou lutar:
Acrisolado,
na noite escura deste inverno;
A
solidão é traiçoeira na noite escura deste inverno,
Leva
embora tudo e todos,
Apenas
o que sobrou de mim fica,
Mesmo
assim vou lutar:
Na
solidão escura deste inverno;
Demônios,
na noite escura deste inverno,
Assolam
externa e internamente minha vida,
Provocando
dores e abrindo novas e velhas feridas,
Mesmo
assim vou lutar:
Com
todos os demônios na noite escura deste inverno;
Deus,
na noite escura deste inverno,
É
um reflexo, um desejo, uma pulsão,
Que
se perde no mistério e em minha imaginação,
Mesmo
assim vou lutar:
Com
ou sem deus, na noite escura deste inverno;
A
assombrosa noite escura deste inverno,
Indiferente,
estranha e severa,
Com
todas as formas de vida e espécie,
Mesmo
assim vou lutar:
Na
assombrosa noite escura deste inverno;
A
noite escura deste inverno,
Levou
o sol, a lua e as estrelas de mim,
A
alegria, a paz e o meu destino,
Mesmo
assim vou lutar:
Pela
vida que pulsa em mim,
E isso:
a noite escura deste inverno, não vai tirar de mim.