Emancipação política: Por quê? Pra quê? Onde? Quando? Quem? Pra quem?
Vivemos
em um contexto: em que várias expressões sociais procuram seu espaço,
principalmente no campo político e jurídico, onde o problema da emancipação
humana reclama sua extensão. Nota-se no cenário mundial e, mais especificamente
no brasileiro, onde várias expressões da sociedade reclamam sua autonomia. Me
estranha o que estas expressões entendem como emancipação. Qual emancipação?
Apenas da sua expressão? Se a emancipação é para todos, porque só a sua? Se a
sua expressão é oprimida, quem lhe oprime não é? Clama-se por reconhecimento e
igualdade, ela é uma necessidade que se restringe apenas a vós?
Parece-me
que nossas utopias políticas, religiosas, científicas e filosóficas, sejam elas
quais forem demonstram que suas intenções são diante do problema da emancipação
e, portanto da liberdade humana, irrelevantes. Primeiro, e aqui serei bem
especifico, a partir do contexto brasileiro. E para tanto, não pouparei nenhuma
expressão seja ela qual for. Humanidade é humanidade, e é, nas características
pessoais de cada pessoa, isto é, em sua diferença que está à humanidade. É o no
outro que minha imagem é revelada. Logo, diferenças dentro do principio de
emancipação humana é de sua própria natureza, emergem de suas condições como
fruto da cultura e da sociedade. Logo usando uma terminologia do novo
testamento cristão, e fazendo uma interpretação dentro desta perspectiva: Eklesia é um espaço onde pessoas, com
todas as suas diferenças se reúnem e comungam de um bem ou propósito comum: o
estabelecimento da emancipação humana.
Não
entendo como estas várias expressões no Brasil fundamentam sua causa baseada
numa emancipação que se restringe a uma necessidade de afirmação política e
jurídica. Distingo estas expressões em dois grupos. O primeiro, esta corroído
por aquilo que tanto abomina – a política. No Brasil a relação de igreja e
Estado sempre foi tensa. As chaves de Pedro foi uma forma velada e descarada de
interpretação usada para controlar, dominar e alienar o ser humano (sob a
tutela do Estado) de si, do outro e, por incrível que pareça: até daquilo que
os cristãos chamam de Deus. Temos em nossa república e “democracia” uma classe
de religiosos, com objetivos que em sua essência em nada tem de evangélico. O
que buscam é espaço, território, um lugar ao sol da terra de Santa Cruz, onde
seus objetivos políticos, mesquinhos e dogmáticos possam se afirmar e
estabelecer por meio do poder político, amparado pela lei – uma teocracia a
serviço da economia como forma de expansão política e ideológica de um
cristianismo que não tem nada de Cristo, mas apenas reflete seu conluio com o
Estado, Cérbero do inferno. Seria bom, os católicos analisarem isso. Lembram-se
de onde tudo começou? A história passa, mas a memória fica!
O
segundo grupo ideologicamente, no sentido de emancipação, está voltado à
política: na busca de seus direitos e para que estes se tornem reconhecidos e
respeitados. E são muitas as expressões... Elas são a minoria, e paradoxalmente,
a maioria, que a longo da história sofreram e sofrem, debaixo de um jugo
desigual, principalmente no que se refere a emancipação, seja no seu aspecto político e social – isto em todos os
aspectos inerentes a existência humana. Contudo, meu demônio interior soa no
meu ouvido e pergunta: Isto que estes do primeiro grupo e do segundo reclamam é
emancipação de verdade? Ela se destina a todo ser humano? Essa emancipação tem
como ponto de partida o problema concreto de todo ser humano? Estas expressões
desejam que todo ser humano que sofre e, encontra-se no estado de alienação
seja também emancipado, mesmo que sua ideologia seja oposta?
A
palavra emancipação ou liberdade é o que mais se fala. Cada expressão usa todos
os meios para apresentar sua causa e justificar a mesma. Mas porque delimitar a
emancipação a grupos? Emancipação se destina a apenas alguns grupos? Ou existem
categorias de seres humanos que podem se emancipar em detrimento dos outros? A
emancipação humana é a emancipação de um grupo? A emancipação humana que
precisamos não é apenas política e social, mas ontológica, a emancipação, vai
além de uma mera visão de ser humano definido, enlatado em categorias científicas,
antropológicas, filosóficas, econômicas, históricas, sociológicas e teológicas,
etc. O ser humano encontra-se perdido, estranhado, alienado de si, do outro, e
de Deus (tudo aquilo que se torna uma questão última).
E
o que me espanta é que estas expressões aparentam serem tão críticas,
analíticas e não enxergam que o Estado é um elemento de alienação. É Cérbero em
toda sua plenitude, poder – Câmara, Judiciário e Senado – onde cada cabeça deve
ser cortada e esfacelada. Ou estas expressões querem o estabelecimento de um
estado para si, ou seja, para cada grupo, ou expressão? E a Eklesia fica aonde?
Responderei: fica numa casa onde a comunidade chamada para a liberdade de viver
para si, para o outro, e a para (deus), (deus que se manifesta de várias formas
e maneiras diferentes? Deus tem outras formas? Identidades? Muitas faces?) tem
como objetivo, único e exclusivo – emancipar todo ser humano, de toda de forma
de escravidão e alienação.
Edson Pereira
Nenhum comentário:
Postar um comentário