quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Diário de um dissidente




Mutatio, sempre mutatio

Diferente dos gregos e de sua tradição filosófica e política, nós de uma herança cristã, com elementos helênicos, além do judaísmo como semente germinadora do cristianismo, que depois de Agostinho elabora um sistema de história onde o passado aponta para o futuro, como um telos, um destino determinado pelo divino. Isso na filosofia da história vai se consolidar com Hegel.
Contudo, o telos cristão, que fundamenta sua escatologia visava uma manifestação do Reino Deus iminente, não séculos depois, o Reino e sua insurgência se da no presente, evocando a promessa do passado e reivindicando a liberdade humana no futuro, isto é, sua salvação, e porque não dizer emancipação em sua plenitude: individual, social e espiritual.
A história seja ela em sua dimensão grega, cíclica de tempo; ou cristã de telos, não abarca a plenitude da existência humana. O que temos de história é fragmento, partes de um todo desconhecido e pouco explorado.
Nisto as hermenêuticas e metodologias quando não tomadas como dogmas infalíveis de verdade, são fundamentais na busca do conhecimento historiográfico, contudo, a dimensão do todo, do conhecimento, perpassa toda pretensão metodológica.
Depois da modernidade o conhecimento, a verdade: é uma partícula do todo. E isto dentro do campo científico, metodológico é inviável. A ciência moderna esta se borrando de raiva por causa disto, embora detenha sua hegemonia, por parte, ou decorrente das grandes indústrias que financiam suas pesquisas ditas científicas.
A história é telos segue um destino traçado pelos seres humanos dentro do tempo e do espaço; o tempo, contudo, isto é, o universo e toda a sua extensão, transcende o telos, sua dimensão não está condicionada a dimensão humana. É anterior e posterior independente de toda ação humana. Mutatio, sempre mutatio.         
    
Edson Pereira
 

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