Edson Pereira
A
teologia em sua natureza tem como objetivo compreender e interpretar a vida
humana. Para isso ela articula rigor metodológico e científico e por outro
lado liberdade e intuição. Para essa articulação a hermenêutica é fundamental.
Na
história da igreja desde seu nascedouro no caso judaico-cristão, sempre ouve
tensões acentuadas sobre postulados da fé e razão. Mas com o advento
do Racionalismo e Iluminismo no Ocidente a igreja tomou posições para se
defender e revelar seu caráter atual e relevante para essas
questões propostas sobre a fé e a Bíblia. O liberalismo
teológico surge no século XIX como uma voz na articulação entre fé e
razão. Os teólogos Scheleimacher, Ritschl, Harnach e outros, foram
estas vozes que discutiram a possibilidade de relação entre fé e
ciência.
Em
razão do seu conformismo cultural e presa às rédeas da ideologia dominante
no caso da Alemanha nazista1 o liberalismo tornou-se repulsivo, até mesmo
teólogos como Adolfo Von Harnach2 se posicionaram a favor das
políticas demônicas do nazismo. Fato que todas as propostas de um mundo e
homens melhores como proposto por esse método na passava de utopia, pois a
guerra veio esfacelar todo esse positivismo posto na capacidade humana.
Neste
contexto de desilusão surge um novo método chamado de neo-ortodoxia ou Teologia
Dialética. Tendo como principal teólogo o suíço Karl Barth e depois teólogos
como Brunner, Bonhoffer e outros. Eles elaboraram métodos que podemos dizer
estavam próximos dos reformadores como: fé, graça, corrupção do ser humano,
cristologia, centralidade da Bíblia, política e etc.
Desde
então surgiram vários métodos teológicos. Destacaremos apenas dois, devido sua
relevância no contexto da teologia. O primeiro é o método da correlação
de Paul Tillich. Trata-se de um método que procura explicar os conteúdos da fé
cristã pela interdependência entre questões existenciais e as respostas
teológicas. O segundo método é a teologia latino-americana da
libertação elaborada por teólogos como: Gutierrez, os irmãos Boff, Comblin,
Miguez-Bonino, J. de Santa Ana, Elza Tamez e outros. Este método visa articular
teoria e prática por meio da Bíblia nos grupos populares, com ênfase
especial na realidade desumana e opressiva vivida pelas populações
empobrecidas da América Latina.
Em
nosso tempo precisamos também articular uma teologia que responda as
necessidades da igreja e da sociedade, Por isso precisamos não nos
amoldarmos aos princípios desta geração que tem como fundamento uma
antropologia baseada no egoísmo e não nas necessidades existenciais do ser
humano que reclama, busca e implora por uma teologia libertadora e generosa e
que encarne o amor de Cristo de forma holística.
Notas:
1. MCGRATH, Alister. Paixão pela verdade: a coerência
intelectual do evagelicalismo. São Paulo: Shedd Publicações, 2007,
p.51.
2. op. cit., p.52.
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