Edson Pereira
Embora este assunto seja polêmico
principalmente pelas Igrejas de missão e do catolicismo, que por ser um
Cristianismo "oficial" depreciam e não aceitam esta avalanche de denominações
que todos os dias no Brasil especificamente aparecem. Pois bem, nós muitas
vezes esquecemos um pouco da história da Igreja começando pelo Genesis encontramos
a história de Melquisedeque que era rei e sacerdote de uma cidade chamada Salém.
Sendo que foi a este "cidadão" que o patriarca Abraão pagou o dízimo.
E agora questiono, Melquisedeque conhecia a Deus? Era sacerdote? Governava
uma nação? E a Bíblia nada fala acerca desta nação (que acredito com
certeza conheciam a Deus), pouco também de Melquisedeque. Em outras palavras
lendo os textos percebemos que estes personagens (Melquisedeque, sua nação,
etc.) estão à margem. Só nos salmos e hebreus é que temos
algumas releituras. Porém nada acerca da vida de Melquisedeque e de seu povo,
contudo a única pista que os textos de forma secundária nos mostram é que
eles conheciam a Deus. Mas nós cristãos (reformados principalmente) aprendemos
desde cedo que a Igreja do A.T. é Israel. E Melquisedeque e Salém, não são
Igreja?
Para maioria dos evangélicos a Igreja começa nos Evangelhos ou de forma
específica em Atos dos Apóstolos. É interessante notar nos Evangelhos que os
discípulos foram interrogar Jesus porque "algumas pessoas" que não
faziam parte do "círculo de discípulos de Cristo" estavam pregando,
curando e exorcizando no poder de Jesus. A resposta de Jesus foi essa: “quem
não é contra nós é por nós". Isto significa que "estas pessoas"
são cristãs ou de forma mais clara: igreja.
Quando
olhamos os primeiros séculos da igreja "oficial"
sempre de forma marginal, pejorativa encontramos grupos que se denominam
cristãos. Nas Reformas não foi diferente e hoje não é diferente. Para
maioria dos historiadores (católicos) foram as Reformas protestantes a
causa desta multiplicidade de denominações.
Neste fórum quero
apresentar aquilo que acredito ser à causa dessa multiplicidade.
Essa multiplicidade
é resultado de complexas e variadas formas de experiências, hermenêuticas
e questões sociais (como política, saúde, pobreza, etc.) em que estes cristãos
estavam e estão envolvidos no seu tempo e espaço.
Em primeiro
lugar acredito que esta multiplicidade é empírica, pois é a partir das experiências pessoais que
as pessoas desenvolvem seus pressupostos, crenças, valores etc. exemplos: O apóstolo
Paulo no caminho de Damasco, Agostinho quando ouviu crianças cantar orientando
o mesmo por meio do canto a lê, Lutero com medo da morte, Zuínglio com a
doença, etc.
Segundo lugar
esta multiplicidade ela é resultado de hermenêuticas que levavam estas pessoas a
desenvolverem no seu tempo e espaço respostas e soluções que seu
contexto reclamava. O que dizer das epístolas paulinas, petrinas,
joaninas será que aquelas interpretações não estavam voltadas para o contexto
local ou grupos destinados? As noventa e cinco teses de Lutero também foram
elaboradas para fóruns acadêmicos e não para nossa posteridade, pois Lutero não
sabia o que é século 21 era homem do seu tempo.
Em último
lugar percebo que as questões sociais
sempre foi um dos motivos dessa multiplicidade. No êxodo encontramos uma nação
que clamava por liberdade, na historiografia do A.T. encontramos sempre
dois polos em conflito: Norte e Sul. No N.T. encontramos vários grupos:
zelotes, fariseus, saduceus, sicários, bandidos messiânicos etc. Todos tanto no
A.T. como no N.T. reclamando liberdade, uma economia justa, um
governo justo, etc. Nos primeiros séculos da igreja foi assim, nas reformas
temos os camponeses, em nossa época temos as mulheres, os negros, os
pobres da América latina todos clamado por melhorias sociais na saúde, na economia,
na política e por que não dizer da religião.
Acredito que estas
causas abordadas não se esgotam, mais são apenas fruto de nossa reflexão
sobre o tema abordado.
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