Edson Pereira
A vida humana não é meramente bios, mas um
ser, constituído de existência. Primeiro por que a sua existência é forjada a
partir de uma cultura (ou culturas) com costumes, línguas, códigos de conduta,
religião, etc. Segundo, este ambiente cultural por ser anterior é também exterior ao
ser humano que ao nascer encontra tudo “pronto e acabado” e lhe transmite
inconscientemente uma sensação de que tudo aquilo por ele visto e experimentado
é “normal”.
Contudo o ser humano é um logos, ser racional, crítico,
condenado a pensar e a questionar, por isso usa a linguagem para comunicar –
transformar o logos em linguagem – o que pensa. Outra característica do ser
humano é o pathos – paixão, emoção - agir impulsivamente. É ethos – conduta,
comportamento – é caminho que deve ser seguido.
Porém em decorrência da força ideológica da cultura essas
características – logos, pathos e ethos – podem ser controladas ou até mesmo
reprimidas. A liberdade que é peculiar ao ser humano a partir dessas
características pode se tornar uma prisão marcada ou formada a partir de
estereótipos que mascaram a realidade do ser humano.
Cria-se uma imagem de mundo totalmente
diferente da realidade. E o senso comum generalizado se encarrega de tornar as
coisas como se elas fossem sempre assim, condenando logos, pathos e ethos a uma
realidade totalmente diferente da sua essência.
Por
isso o ser humano entra em crise. Seu interior - personalidade e caráter –
mesmo que sejam forjados a partir da cultura que lhe incute o que pensar, fazer
e se comportar é insuficiente. Ele questiona os valores e dogmas estabelecidos
que até então nunca foram questionados.
Razão
e empiria se juntam em busca de alcançar a liberdade que é peculiar ao ser
humano. Neste contexto a alteridade permite uma reflexão tanto interna como
externa do ser.
Nenhum comentário:
Postar um comentário