quinta-feira, 7 de junho de 2018

Diário de um dissidente

     
O grande problema do ser humano na busca de segurança, como resposta às lacunas existenciais, que se impõe tanto externa, como internamente em sua vida, o leva a criar meios, formas pelas quais possa dar sentido a sua existência.
Decorrente disso, podemos apontar o exemplo da linguagem. Nela está manifesta as nossas crenças, que depois de tanto falada, seja na forma oral e escrita, encarna na consciência humana como verdade. Consequentemente, as palavras que são apenas uma forma humana, que dado às condições efetivas, na busca de sentido, torna-se o próprio sentindo. Daí porque as pessoas acreditam tanto nos discursos que geralmente constroem a realidade, como se aquilo que foi dito, como um conceito, agora é verdade e realidade.
A imagem dessa mulher abaixo ilustra bem sobre o que estamos falando.

Podemos ver a "realidade" a partir de perspectivas, que apontam a incapacidade da linguagem e descrever a realidade, doutro modo, o próprio ser humano e o todo, a sua volta. Vejam que a na própria imagem tem outra imagem: é como se alguém observasse o que ocorre com aquela mulher, contudo, sem aquela mulher ter percepção de está sendo observada.
Quando se fala em ditadura militar, direita, esquerda, violência, terrorismo, política, economia, educação, religião, etc. Vem a primeira pergunta: o que está em jogo? Os discursos criados representam a realidade em seu sentido amplo? Esse discurso abarca toda a realidade como a imagem abaixo em suas perspectivas? Será que o discurso atual reflete essa visão do todo no qual requer um olhar perspectivo? A realidade só pode ser apreendida com uma perspectiva? Apenas o discurso dominante é verdadeiro, assim como sua oposição? Só existe estas perspectivas?
O método científico que emana do pensamento cartesiano e newtoniano, distorceu a visão e compreensão do ser humano e dá vida, em todas as suas dimensões.
A partir do momento em que começou a fragmentar a realidade, isto é, do método indutivo, no qual o particular é a forma de se compreender o todo, no entanto, evidencia-se aquilo que as mitologias antigas e filosofias do Oriente e Ocidente, já tanto apontava,  junto aos antigos digo: "nada novo debaixo do sol".
A compreensão da "realidade" não se dá a partir de um particular, mas do todo, no qual este é apenas uma parte. Isso é frustrante para o discurso fragmentado neste modelo de mundo em que o principio geral, é o particular, em detrimento do todo, os discursos que estão em jogo não é a verdade, a realidade em si. Dentro desta perspectiva, consideramos impossível uma única fala como estatuto da verdade, seja ela científica, religiosa, política, militar, social, etc.
O mito da Torre de Babel é um belo exemplo disso. Quando os homens queriam alcançar o céu com a aquela torre, a Hybris divina se manifestou. E o castigo foi a confusão na comunicação, em que ninguém entendia o que o outro falava. A Torre de Babel, parou, estacionou, decaiu, entrou em crise e depois no colapso. A sabedoria dos mitos é clara: se existe uma verdade ela não é patrimônio de ninguém e ninguém conhece a sua fala, isto é a verdade em si.
Do outro lado, a ciência nos ajuda muito sobre isso, quando diz: o que acontece nos buracos negros é apenas um exemplo do nosso limite verdade, as categorias de tempo e espaço, no qual existimos são tragadas, logo, estas categorias que ajudam e dão forma para o pensamento racional, naquele estado são inúteis.
Aqui em casa certa vez um iluministas francês, “iluminado pelo poder da razão” e do protestantismo calvinista, se deparou com um índio tupinambá, este lhe deu uma lição de conhecimento científico que infelizmente só foi agora que a física quântica demonstrou: que somos parte de um todo e a ele estamos ligados. Na própria matemática encontramos essa ideia na teoria dos conjuntos. Em que a parte contém o todo, e no todo, a parte esta contida.  
 Minha analogia ė como a morte - todo ser humano fala dela, mais até agora: nenhum cientista, político, militar, socialista, religioso, revolucionário, filósofo, ou qualquer outro: a, os, as e "ismo" fez este tipo de experimento consigo: - para depois voltar e falar como é do outro lado, na verdade até agora lançaram foi "os outros" e só a partir "desses outros", é quem dizem ser "a voz do geral", isto é, da verdade.
Tem um ditado cristão antigo que diz: "O vento sopra onde quer... ouves seu rumor, porém não sabes de onde vem, nem para onde vai”... 

Heteroloquia

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