Edson Pereira
Introdução
Neste
texto queremos fazer algumas comparações dos caminhos e desafios pelos
professores do ensino tradicional com os professores que utilizam o ensino
histórico – critico. A partir de três elementos: Primeiro, sobre a função da
escola e do professor. Em segundo, apresentar as diferenças destes dois métodos
na sua forma didática, por último destacar os desafios da educação decorrente
das mudanças ocorridas nos últimos anos.
A função da escola e o
papel do professor na visão tradicional
A função da escola dentro de uma visão tradicional tem
alguns objetivos: preparar intelectualmente e moralmente os discentes para que
possam atuar na sociedade de acordo com os pressupostos estabelecidos pela
mesma. A escola não se compromete e também não se envolve com os problemas
sociais sua responsabilidade limita-se a cultura, logo conhecimento e
experiência estão desassociados da vida dos alunos. A elaboração de conteúdos
didáticos é destinada a todos os alunos. A evolução ou sucesso da aprendizagem
é condicionado ao esforço do aluno (LIBÂNIO, 1992, p. 8-9).
O papel do professor é transmitir os conhecimentos
seguindo um único método, sem levar em consideração idade, individualidade e o
ambiente social que seus alunos estão envolvidos. Não há interação
professor-aluno, não há espaço para critica e reflexão, pois os assuntos abordados
são impostos como os únicos e verdadeiros (LIBÂNIO, op. cit. p.10). Falta-lhes
criatividade na elaboração das aulas e envolvimento na vida dos alunos.
A função da escola e o
papel do professor na visão histórico critico
A escola é vista como um agente de transformação e
democratização. Ela interage com a sociedade, é contextualizada e mediadora –
aluno e sociedade estão intrinsecamente relacionados. É instrumento na
divulgação do conhecimento e socialização. (LIBÂNIO, op. cit. p. 29-30). Sua didática
propicia aos alunos autonomia de pensamento, desenvolvimento da argumentação e
criatividade.
Nesta visão o professor é intermediário na construção do
conhecimento do aluno. Sua didática é planejada, criativa, seus conteúdos são
elos que propiciam aos alunos uma aprendizagem integral. Em suas aulas os
alunos encontram espaço para interação, reflexão, argumentação e senso
crítico. Neste sentido os alunos são
agentes autônomos e ativos no processo de aprendizagem.
Método tradicional e histórico critico –
suas principais diferenças didáticas
Com base nas funções de ensino destes dois métodos acima
apresentados podemos perceber algumas diferenças:
Em primeiro, na
construção do conhecimento. O método tradicional transmite um conhecimento
engessado, preso a uma ideologia, o conhecimento adquirido é condicionado a
normas e valores pré-estabelecidos. Neste sentido os alunos são programados a
adquirir um tipo de conhecimento alienante e passivo que em nada condizem com
sua realidade. O método histórico critico é dialético, propicia alteridade do
aluno - professor - teoria – prática. O conhecimento é transmitido a partir de
didáticas que condicionam a construção interativa, criativa, ativa e reflexiva
dos alunos tanto numa construção teórica de conhecimento como também da prática
vivencial.
Segundo, na
contextualidade. No método tradicional a preocupação é apenas repassar
conteúdos e “valores sociais acumulados pelas gerações adultas e repassados ao
aluno como verdades” (LIBÂNIO, op. cit. p.9) e isso sem levar em conta a idade,
o individuo e sua realidade social. Logo podemos afirmar que este método é
indiferente a realidade social do aluno. O histórico critico, permite aos
alunos com base nos conteúdos elaborados uma aprendizagem contextualizada, o
conteúdo é elaborado visando a aplicabilidade no cotidiano do aluno. Isso traz
uma visão holística do ensino. O ensino ou aprendizagem não se torna algo
restrito aos muros da escola, mas algo que este presente na vida do aluno em
todos os momentos.
Em último lugar, na
mediação. O método tradicional é exclusivista e verticalizado. O ensino não
é uma construção interativa professor-aluno, mas uma imposição. O professor é o
emissor do conhecimento e o aluno mero receptor. Este processo inibe a
interação e participação do aluno na aprendizagem. Não leva em consideração a
capacidade reflexiva e intelectual do aluno. No método histórico critico temos
o estabelecimento de uma relação professor-aluno. Ambos interagem, e o
professor torna-se um agente mediador na construção da vida intelectual do
aluno. Instigando o aluno desenvolver uma mente criativa, dialética, reflexiva
e critica.
Desafios da educação
Para responder aos desafios provocados pelas mudanças tanto
sociais, políticas, econômicas e culturais que estão relacionados aos planos:
ético-político, teórico e epistemológico e da ação prática do professor. Faz-se
necessário o professor realizar uma nova “leitura de mundo e da condição
humana” (JESUS, 2009, p. 110-13). Essa nova leitura deve ser capaz de atender e
responder as demandas oriundas destes três planos - ético-político, teórico e
epistemológico e da ação prática do professor.
No plano ético-político o ser humano precisa ter
relevância. Por isso se faz necessário estabelecer valores baseados na igualdade,
qualidade de vida, solidariedade e democracia.
Com relação ao plano teórico e epistemológico o professor
deve ter uma boa formação técnica e cientifica, mas também transcendê-la.
No plano da ação prática do professor se faz necessário
saber como reforçar essa prática sem reduzi-la: a repetição mecânica, ao
ativismo pedagógico e ao voluntarismo político (JESUS, op. cit., p.114).
Considerações finais
No mundo marcado por tantas mudanças sociais, econômicas,
históricas e culturais. A educação precisa rever seus conceitos e procurar
contextualizar-se. Uma educação presa a uma ideologia, a paradigmas
pré-estabelecidos, a apatia social que não interage com os alunos torna-se
responsável de gerar estudantes alienados e passivos na construção intelectual
e prática. A educação deve ser agente na construção do conhecimento reflexivo,
critico e criativo do aluno. Deve ser contextual e mediadora.
Por isso em decorrência dos vários desafios a educação
precisa dentro de planos: ético-político, teórico e epistemológico e da ação
prática do professor reformular e fazer novas leituras do mundo e da condição
humana para o estabelecimento de uma educação integral.
Referencias bibliográficas
JESUS, Adriana Regina de. Processo educativo no contexto histórico.
São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
LIBÂNEO, J. C. Democratização da
escola pública: a pedagogia crítico-social dos conteúdos.
São Paulo: Loyola, 1992.