quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Diário de um dissidente






Cristianismo! Sim, só que à moda brasileira!




No blog http://www.paulopes.com.br/2017/02/pais-de-ateus-holanda-fecha-prisoes-por-falta-de-criminosos.html?m=1#.Wg4qx7VrzIW, referenciado pela revista Superinteressante, o autor, no título do seu texto, mostra e enfatiza, que a Holanda, por ser, um país “ateu”, (o que não é verdade na prática, na vida cotidiana, comunitária e institucional; contudo, nossa abordagem, não tem esses “dados” como fundamento), conclui que, o problema da falta de presos, isto é, o fechamento do sistema carcerário na Holanda é decorrente do ateísmo, que margeia, mais da metade da população. Em seguida faz uma contraposição, com o sistema carcerário brasileiro e desfere acertadamente, algumas críticas aos políticos religiosos do Brasil.

 Não vou me deter neste último argumento implícito no título, ele é sem fundamento, tem outras implicações por traz deste fenômeno no sistema prisional da Holanda, (logo somos instigados a fazer uma análise mais profunda, transdisciplinar); mas a ideia que ele originou disso, neste caso, com o discurso-político-religioso-brasileiro. É o que vou tentar expor a seguir.

 Correlacionando a nossa realidade brasileira, isso mostra claramente que caráter, ética, espiritualidade e coesão social, não estão relacionados, a ser ou não ser, religioso. Logo a falácia que diz " se Deus não existir, então tudo é permito" vai por água abaixo. No que se refere à religião, como muito bem colocou Slavoj citando Lacan, diz: “Se Deus existir, então tudo é permito".

É só da uma olhadinha na história das religiões, em nosso caso o cristianismo, e mais especificamente no Brasil, onde um "cristianismo", amorfo, sem sal, sem sabor, sem vida tem gerado: um "exército" (a maioria constituída de religiosos ignorantes das escrituras; alienados, dependentes de prédicas e livros, que apenas atestam suas crenças e assumem um compromisso ideológico-político (as vezes sem saber o que significa isso) com sua denominação, ou líder, pensando que estão fazendo por amor a Cristo e ao Evangelho, enquanto o que na verdade estão é espalhando  ódio, desamor, intrigas, confusão, engano e ilusão) de fundamentalistas que gritam, berram, ameaçam e espancam em nome de “Deus”, fundamentados, numa, dentre as várias interpretações que a Bíblia por sua complexidade impõe ao exegeta e interprete e acabam corrompendo o “Evangelho de Cristo” apresentado nos sinóticos e no Evangelho de João.

Quando são chamados para dar testemunho da fé, em vez de responderem como ordenava Pedro, na sua primeira carta, no capítulo 3, e no verso15, comportar-se como seguidores de Cristo, agindo com "mansidão e reverência diante de todo o que pedir razão da esperança que há em voz", isso não existe no Brasil, pelo menos, no cristianismo de fachada, de moral dúbia, de fé deformada e dogmatizada, de uma política mentirosa e que desonra o "nome de Deus", conforme o segundo mandamento.

Por isso, quando esse cristianismo argumenta, que isso que estão fazendo com estes "pecadores" é uma demonstração de fé e amor a Cristo, é na verdade uma armadilha, como diz Slavoj uma "armadilha, obviamente, é que se você realmente amar a Deus, você vai querer o que ele quer - o que o agrada agradará você, e o que o desagrada fará de você um miserável. Então não é que você simplesmente possa "fazer o que quer": seu amor por Deus, se verdadeiro, garante que você seguirá os padrões éticos mais supremos naquilo que quiser fazer".

Sinceramente olhando os Evangelhos, não encontro um amor de cristo que exclui, que persegue, odeia, lança imprecações, agride, etc. Eu tenho o diagnóstico para isso: uma vez que o cristianismo torna-se insípido, ele apodrece e se decompõe, porque o “Ruah de Deus”, isto é, o “Espírito Santo”, não habita em templos de Homens (condicionam, cristalizam, dogmatizam Deus a uma doutrina) feitos para usar o nome Deus em vão.

Logo, isso que vemos nas redes sociais, nas prédicas nos templos: é apenas uma voz muito parecida com aquelas que foram denominadas por Cristo de sepulcros caiados; e que depois em Mateus, o autor fala da diferença de Jesus (do Evangelho) e dos escribas (que representa muito bem esse cristianismo fundamentalista brasileiro atual) que diz assim: "Aconteceu que ao terminar Jesus essas palavras, as multidões ficaram extasiadas com o seu ensinamento, porque as ensinava com autoridade e não como os seus escribas". É esse o problema, o cristianismo a moda brasileira, não tem autoridade, não tem vida, não tem testemunho, lhes faltam aquilo que segundo Cristo tornaria os seus discípulos conhecidos, pelo poder e autoridade que emana de "Deus": o amor.

Edson Pereira



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