Cristianismo! Sim, só que à moda
brasileira!
No
blog http://www.paulopes.com.br/2017/02/pais-de-ateus-holanda-fecha-prisoes-por-falta-de-criminosos.html?m=1#.Wg4qx7VrzIW,
referenciado pela revista Superinteressante, o autor, no título do seu texto, mostra
e enfatiza, que a Holanda, por ser, um país “ateu”, (o que não é verdade na
prática, na vida cotidiana, comunitária e institucional; contudo, nossa
abordagem, não tem esses “dados” como fundamento), conclui que, o problema da
falta de presos, isto é, o fechamento do sistema carcerário na Holanda é decorrente
do ateísmo, que margeia, mais da metade da população. Em seguida faz uma
contraposição, com o sistema carcerário brasileiro e desfere acertadamente,
algumas críticas aos políticos religiosos do Brasil.
Não vou me deter neste último argumento
implícito no título, ele é sem fundamento, tem outras implicações por traz deste
fenômeno no sistema prisional da Holanda, (logo somos instigados a fazer uma
análise mais profunda, transdisciplinar); mas a ideia que ele originou disso,
neste caso, com o discurso-político-religioso-brasileiro. É o que vou tentar
expor a seguir.
Correlacionando a nossa realidade brasileira,
isso mostra claramente que caráter, ética, espiritualidade e coesão social, não
estão relacionados, a ser ou não ser, religioso. Logo a falácia que diz "
se Deus não existir, então tudo é permito" vai
por água abaixo. No que se refere à religião, como muito bem colocou Slavoj
citando Lacan, diz: “Se Deus existir, então tudo é permito".
É só da uma olhadinha na história das
religiões, em nosso caso o cristianismo, e mais especificamente no Brasil, onde
um "cristianismo", amorfo, sem sal, sem sabor, sem vida tem gerado:
um "exército" (a maioria constituída de religiosos ignorantes das
escrituras; alienados, dependentes de prédicas e livros, que apenas atestam
suas crenças e assumem um compromisso ideológico-político (as vezes sem saber o
que significa isso) com sua denominação, ou líder, pensando que estão fazendo
por amor a Cristo e ao Evangelho, enquanto o que na verdade estão é espalhando ódio, desamor, intrigas, confusão, engano e
ilusão) de fundamentalistas que gritam, berram, ameaçam e espancam em nome de
“Deus”, fundamentados, numa, dentre as várias interpretações que a Bíblia por
sua complexidade impõe ao exegeta e interprete e acabam corrompendo o
“Evangelho de Cristo” apresentado nos sinóticos e no Evangelho de João.
Quando são chamados para dar testemunho
da fé, em vez de responderem como ordenava Pedro, na sua primeira carta, no
capítulo 3, e no verso15, comportar-se como seguidores de Cristo, agindo com
"mansidão e reverência diante de todo o que pedir razão da esperança que
há em voz", isso não existe no Brasil, pelo menos, no cristianismo de
fachada, de moral dúbia, de fé deformada e dogmatizada, de uma política
mentirosa e que desonra o "nome de Deus", conforme o segundo
mandamento.
Por isso, quando esse cristianismo
argumenta, que isso que estão fazendo com estes "pecadores" é uma
demonstração de fé e amor a Cristo, é na verdade uma armadilha, como diz Slavoj
uma "armadilha, obviamente, é que se você realmente amar a Deus, você vai
querer o que ele quer - o que o agrada agradará você, e o que o desagrada fará
de você um miserável. Então não é que você simplesmente possa "fazer o que
quer": seu amor por Deus, se verdadeiro, garante que você seguirá os
padrões éticos mais supremos naquilo que quiser fazer".
Sinceramente olhando os Evangelhos, não
encontro um amor de cristo que exclui, que persegue, odeia, lança imprecações,
agride, etc. Eu tenho o diagnóstico para isso: uma vez que o cristianismo
torna-se insípido, ele apodrece e se decompõe, porque o “Ruah de Deus”, isto é, o “Espírito Santo”, não habita em templos de
Homens (condicionam, cristalizam, dogmatizam Deus a uma doutrina) feitos para
usar o nome Deus em vão.
Logo, isso que vemos nas redes sociais,
nas prédicas nos templos: é apenas uma voz muito parecida com aquelas que foram
denominadas por Cristo de sepulcros caiados; e que depois em Mateus, o autor
fala da diferença de Jesus (do Evangelho) e dos escribas (que representa muito
bem esse cristianismo fundamentalista brasileiro atual) que diz assim:
"Aconteceu que ao terminar Jesus essas palavras, as multidões ficaram
extasiadas com o seu ensinamento, porque as ensinava com autoridade e não como
os seus escribas". É esse o problema, o cristianismo a moda brasileira,
não tem autoridade, não tem vida, não tem testemunho, lhes faltam aquilo que
segundo Cristo tornaria os seus discípulos conhecidos, pelo poder e autoridade
que emana de "Deus": o amor.
Edson Pereira
Nenhum comentário:
Postar um comentário